Sede está caindo aos pedaços
Infiltrações por todo o prédio, falta de funcionários, dependência de auxílio das funerárias, condições precárias de trabalho, risco de desabamento eminente. Além disso tudo, o que se quebra não é consertado, rachaduras na estrutura da sala de necropsia, goteiras, banheiros inundados, instalação elétrica comprometida. Esses são alguns dos problemas que vivem os integrantes da sede brusquense do Instituto Geral de Perícias (IGP).
Por conta de toda essa situação de desprezo, por parte da secretaria de Segurança Pública do estado de Santa Catarina ao órgão, os funcionários daquele local resolveram expor o fato à imprensa, apesar de não haver esperanças de que algo mudará, visto das experiências que vêm obtendo com o passar do tempo.
Para se ter uma noção do problema, um motorista fica 24 horas por dia à disposição do IGP durante a semana. Aos sábados e domingo, como o trabalhador folga, os peritos têm que contar com a ajuda das funerárias para o recolhimento dos corpos que, por ventura, venham a falecer neste período.
Foi o que aconteceu por várias vezes, por exemplo, neste fim de semana, na ocasião da tragédia onde um menino de dez anos acabou perdendo a vida nas águas do Rio Itajaí-Mirim. Aconteceu também no dia 7 de setembro de 2012, quando Jair Reis perdeu a vida em um acidente de trânsito na Rua São Vendelino, no Bairro Lageado Baixo, em Guabiruba. Da mesma forma, uma funerária Brusquense recolheu o corpo de Marcos Vinicius Pereira Silva (28), assassinado no dia 2 de setembro do ano passado.
Outro agravante se dá pelo fato do forro da sala de necropsia estar parcialmente destruído, ameaçando desabar, como já aconteceu em uma ocasião. Segundo o coordenador do instituto, o médico legista Antônio Bastos, a situação "é um desrespeito com a família que, por ventura, precise se utilizar dos serviços de necropsia, num ente querido que venha a falecer".
Além de não ter o alvará emitido pelo Corpo de Bombeiros Militar, a sala ainda está repleta de rachaduras nas quinas das paredes. As janelas, estão frouxas. Quando o vento sopra forte, elas estremecem, correndo o risco de se estilhaçarem a qualquer momento. O banheiro, igualmente inundado, em decorrência das goteiras
O descaso é notado logo na entrada, quando se enxerga o toldo da instituição, caído em um dos temporais que acometeram a cidade e que até agora não foi concertado. Como se nota nas imagens, as goteiras tomaram conta da estrutura e, suspeita-se que o peso da laje do local onde é feito o atendimento para emissão de carteiras de identidade seja o dobro do permitido, justamente por conta dessas infiltrações. Sacos de cadáveres foram utilizados, inclusive,para proteger os equipamentos, que não podem ser ligados, pois, se isso acontecer, o risco de algum curto circuito é eminente. Fato que acarreta num grande risco aos poucos trabalhadores do local.
A obra de reforma do Instituto, reinaugurado há menos de um ano, foi orçada em R$ 150 mil. Porém, os gastos chegaram a R$ 45 mil, apenas. "Na ocasião, todos louvaram a economia, dizendo que o excedente retornaria aos cofres públicos. Mas se é para gastar pouco numa obra de péssima qualidade, que tivessem gastos os R$ 150 mil orçados", ressalta indignado, um dos peritos que disse, ainda, que no projeto original, outras melhorias eram previstas no prédio. Estas, não realizadas.
O ânimo de trabalhar claramente fica comprometido com a situação. Ele vai por água abaixo. Juntamente com as goteiras, que até hoje não pararam de pingar.
Colaboração: Alain Rezini